Friday, January 11, 2008

"Paranoid Park" - Juventude Perdida por Rod Carvalho


Imagine ser acusado de algo que você não fez. Estar no lugar errado, na hora errada. Se sentir ameaçado, com a sensação de ser perseguido, ou prestes a ser surpreendido por algo inesperado. Para Alex, um skatista de 16 anos, essas sensações o levam a alguns questionamentos aquém de um mero pré-adolescente. Com base nessa paranóia juvenil, o diretor Gus Vant Sant aponta suas lentes na direção dos adultos sob o ponto de vista de um jovem. Isso é “Paranoid Park”.

Baseado no livro homônimo de Blake Nelson, o longa tem muitas semelhanças com o “Kids” (1995), do diretor Larry Clark. Ambos retratam de forma nua e crua um grupo de adolescentes skatistas que não querem nada com nada e só pensam em se divertir sem ter noção dos seus atos. Como Clark, Vant Sant também usou atores desconhecidos – muito deles escolhidos através do site My Space – para dar um ar realista um tanto documental à trama. Semelhança a parte, com Alex, o diretor vai além. Como se estivesse numa roda-gigante, Vant Sant leva o espectador a uma viagem lisérgica. São ângulos de câmeras perfeitamente editados, somados a pequenos diálogos e uma trilha sonora hipnótica que chapa. Uma pequena dose de alucinação não prejudicial à saúde. Esta perspectiva tão real de Alex nos faz sentir o que ele sente.

Um filme de arte. Esta seria uma definição perfeita se “Paranoid Park” não fosse obra de Gus Vant Sant. Para um cineasta nada convencional como ele, a arte faz parte de seu ofício. Cabe a cada espectador estar pronto ou não para digerir o seu ponto de vista. Pensar nunca fez mal a ninguém.


Rod Carvalho é crítico de cinema, ator e meu brother, e escreve para o cinetotal.com.br, de onde extraí esse texto. Thanks bro!

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